Submarino Balístico Typhoon

Submarino Balístico Typhoon

 Os navios do tipo Typhoon, são os maiores submarinos alguma vez construidos. O deslocamento quando em imersão, é maior que o dos porta-aviões europeus da II guerra mundial, ou que muitos navios porta-helicópteros actuais. Os Typhoon são os mais poderosos submarinos alguma vez construidos, ultrapassados apenas pelos submarinos norte-americanos da classe Ohio, que embora menores, transportam uma maior carga bélica

 

Navios constituintes da classe
Nr. Nome Estaleiro I.C. E.S. F.S. Situação
TK208 Dmitriy Donskoy Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1981 - - - - Manutenção/Testes
TK202 - Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1983 1999 Retirado
TK12 Simbirsk Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1984 1996 Retirado
TK17 Arkhangelsk Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1987 2009 Reserva
TK20 Severstal Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1989 2009 Reserva
TK210 - Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1990 1990 Cancelado
TK13 - Severodvinsk, SEVMASH (Arkangel) n/d 1985 1999 Retirado
IC = Inicio de Construção ES=Entrada no Serviço Activo FS=Final de Serviço Activo
 

Dados principais Motores
Deslocamento standard: 23800 Ton
Deslocamento máx. : 35000 Ton.
Tipo de propulsão: Reactor nuclear
Comprimento: 171.5 M - Largura: 24.6M
Calado: 13 M. 
Profundidade: 300 M
Numero de tubos: 6
2 x Turbinas a vapor / electropropulsor GT3A (81000cv/hp)
2 x Reactor nuclear VM-5 (380MW)
Tripulação / Guarnição: 175 Autonomia: 99999Km a 20 nós - Nr. Eixos: 2 - Velocidade Máxima: 25 nós

 

 

Misseis
Sistema de lançamento N/D 8 x Soviet State Factories SS-N-16 «Stalion» / RPK-6/7 (Anti-navio)
Sistema de lançamento N/D 20 x Soviet State Factories SS-N-20 «Sturgeon» / 3M20 (Arma estratégica)

 

 

 

 

 





O primeiro navio deste tipo começou a ser construido em 1977 e foi lançado à água nos estaleiros de Severodvinsk em Setembro de 1980, tendo entrado ao serviço em 1982.
A gigantesca dimensão dos Typhoon, é resultado da necessidade de acomodar os mísseis SS-N-20 com 16 metros de comprimento.

Para acomodar os mísseis os engenheiros navais soviéticos recorreram a uma solução engenhosa, ainda que algo estranha e que consistiu na colocação de dois cascos pressurizados com uma largura de 7m um ao lado do outro e um terceiro, elevado e colocado na parte central .
O conjunto é envolvido por um enorme casco exterior que por sua vez é revestido por paineis que absorvem o ruido.

Imagem/maquete da parte traseira do Typhoon onde se podem adivinhar os contornos dos dois cascos independentes.
Esta característica dos Typhoon não foi publicamente conhecida senão muito mais tarde e explica o formato exterior do navio.
Todos os mísseis são colocados à frente da vela e na parte traseira, há um reactor em cada uma das secções pressurizadas.
O navio tem por isso dois eixos propulsores e funciona como se de dois submarinos se tratasse. Isto tornou a construção mais simples, porque não foi necessário garantir ligas especiais para permitir ao submarino mergulhar a grandes profundidades.

Dimensão sempre foi um problema
Ainda que os navios fossem uma clara ameaça, a sua dimensão tornava a detecção possível pelos navios ocidentais. Especula-se que as próprias autoridades navais soviéticas temiam que a dimensão do navio facilitasse a sua detecção e por isso determinaram que em missões de rotina ele não deveria nunca se aproximar das águas controladas pelos navios e aviões da NATO.
Fontes ocidentais também afirmam que o navio era mais dificil de detectar que o que os próprios soviéticos pensavam.

A marinha soviética por seu lado, e embora a autonomia dos navios permitisse a sua colocação em quase qualquer ponto do globo, temia a possibilidade de os americanos atacarem estes submarinos se eles se afastassem demasiado das suas bases.
Assim, os Typhoon nunca foram enviados para missões longe das suas costas.
Quando empresgues em missões de rotina, a táctica soviética era a de enviar os navios para o polo norte e em caso de guerra disparar os seus mísseis a partir das calotas polares.
Considerava-se que naquelas localizações, entre as calotas polares seria mais dificil aos submarinos norte-americanos descobrir a presença dos submarinos soviéticos.

A impressionante dimensão dos Typhoon, também foi utilizada como forma de ganhar prestigio para a marinha soviética.

Como outros navios da era soviética, os submarinos Typhoon eram provavelmente mais impressionantes fora de água que debaixo de água. Eles foram aproveitados para servir de navio-propaganda e fizeram visitas a portos estrangeiros com esse objectivo durante os primeiros anos de serviço.

A arma foi anunciada publicamente ainda no tempo de Leonidas Brejnev, que se referiu ao submarino como um «Tufão nos Mares». Aparentemente a referência do dirigente da União Soviética levou a que o navio recebesse a designação NATO de Typhoon [1].
Transformou-se rapidamente na mais temida arma estratégica da União Soviética, e os norte-americanos reservaram especial atenção à localização destes navios.

O fim da União Soviética, representou o inicio dos problemas. O sétimo navio da classe foi cancelado, três outros navios foram desmantelados e dois deles foram colocados em situação de reserva, desarmados. Os Typhoon tinham um elevado custo de manutenção e a redução abrupta dos orçamentos da Rússia, após o fim da URSS, ditou que a maior parte dos navios fosse retirada de serviço.

Presentemente, apenas um navio continua a ser utilizado mas apenas como plataforma experimental. Já não são efectuadas missões excepto as que estão relacionadas com o sistemas a bordo do último navio da classe, o Dmitri Donskoy, para teste do novo míssil «Bulava» que deverá operar a partir dos novos submarinos russos da classe Borey.

 



No ocidente a doutrina que presidiu à concepção dos submarinos Typhoon foi inicialmente interpretada de forma a que os Typhoon firam vistos como uma arma de retaliação.
A União Soviética lançaria estes submarinos para as profundezas dos mares do norte, onde eles assentariam sob o fundo, ficando ali durante missões de até um ano. Depois, quando ocorresse um conflito nuclear, eles deveriam servir como arma de retaliação contra os Estados Unidos numa segunda fase, quando já tivesse sido iniciada a reconstrução.

Entre as lendas que inicialmente rodearam o Typhoon, esteve a de que possuia um galinheiro a bordo.
A enorme dimensão do submarino - que foi aumentada por se desconhecer a sua verdadeira configuração interna - levou a que circulassem várias teorias sobre extensas e sofisticadas instalações submarinas, que possibilitariam à tripulação permanecer durante um ano debaixo de água, como se o Typhoon fosse uma pequana cidade assente no fundo do mar.

Como consequência da profusão de teorias sobre as características internas dos submarinos Typhoon, surgiram várias hipóteses que se foram transformando em «lenda urbana».
Se os navios pudessem permanecer ao serviço fora da sua base durante um ano, então ele deveria possuir sistemas e meios de suporte de vida, que possibiltassem manter a tripulação operacional e de boa saúde.

A necessidade de manter a boa saúde, quer física quer mental dos tripulantes, levou ao desenvolvimento de teses que garantiam que os Typhoon possuiam um ginásio com sauna. Houve uma tese que se manteve por muito tempo e que quase atingiu o anedotário, afirmando que o submarino possuia até um galinheiro e estufas para produzir vegetais, utilizados para proporcionar uma alimentação saudável.

A maior parte das notícias provaram não ser correctas. A imprensa russa relatou já no final dos anos 90, que os Typhoon tinham capacidade de transporte de viveres suficiente para operações de 100 dias, com uma pequena margem de segurança de uma semana.


[1] - Nota:
Foi criada alguma confusão entre este tipo de submarino e o submarino do tipo Akula (designação NATO).
Os Typhoon receberam esta designação NATO, mas a sua designação soviética foi «Akula» (Tubarão). Por esta razão, são utilizadas apenas as referências NATO, para evitar confundir estes navios com os submarinos lança-mísseis do tipo Akula, derivados dos Sierra.